A Associação Brasileira de Portadores de Leishmaniose (Abrapleish) representada pelo Presidente Nacional Alexsandro Lago , integrante do Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas (MNDN), marcou presença no 2º Seminário do Dia Mundial das Doenças Negligenciadas, um evento promovido pelo Departamento de Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA).
O seminário tem como objetivo central promover reflexões, divulgação e ações direcionadas à população pediátrica no contexto das doenças tropicais negligenciadas (DTNs). Durante o evento, especialistas, gestores públicos e representantes de organizações da sociedade civil discutiram a importância do fortalecimento das políticas de saúde para o controle e combate às DTNs.
A associação teve sua criação em 2016 por Moacir e sua esposa na cidade de Cuiabá.
Em 2023, nós da Bahia, Começamos a Reconstruir
Um dos objetivos da associação, é ter representante da sociedade civil para buscar melhorias no diagnóstico, medicamentos, acompanhamento psicológico e auxílio doença. (Alexsandro Lago -Presidente Nacional)

O papel das associações de pacientes na construção de políticas públicas
Em entrevista concedida durante o evento, representantes do Ministério da Saúde reforçaram a importância do fortalecimento das associações de pacientes. Segundo eles, essas organizações desempenham um papel fundamental na execução das políticas públicas de saúde, pois atuam em locais onde o Estado muitas vezes está ausente.
“As associações de pacientes são parte importante da rede SUS. Eles, geralmente, estão onde o Estado está ausente, também por isso confirmamos sua importância e protagonismo. São grandes aliadas dos trabalhadores e gestores do SUS, pelo escopo que têm e, especialmente, pelo vínculo estabelecido com os territórios”, destaca Kathiely Santos – (DEDP) representantes do Ministério.
Além disso, foi ressaltado como o Departamento de Doenças Transmissíveis vem trabalhando para apoiar as associações na busca por soluções concretas para os desafios enfrentados pelas pessoas afetadas por DTNs.

Campanha Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose
Em 2024, uma das grandes conquistas da Abrapleish foi sua participação ativa na Campanha Nacional alusiva à Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose, realizada em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), por meio do Projeto ECLIPSE.
Essa colaboração trouxe uma abordagem inovadora para o enfrentamento da leishmaniose, colocando a pessoa afetada no centro das estratégias de cuidado e considerando as diversas dimensões biopsicossociais da doença.
“Acessamos histórias, vivências e saímos desse processo com o nosso compromisso de cuidar reforçado”, afirmaram os organizadores da campanha.

O crescimento da leishmaniose visceral e as medidas necessárias para o combate da doença
Segundo dados do Informe Epidemiológico de Leishmanioses das Américas (Dez/2023), o Brasil teve 12.878 casos em 2022 e a tendência foi de crescimento de 2023 a 2024. Pesquisadores da Fiocruz alertam para o aumento no número de cães com a doença. O cenário, se não for controlado, pode indicar uma possível disseminação da doença em humanos. Diante dessa situação, o Plano de Ação para as Leishmanioses da Opas para o período 2023-2030 foi atualizado, discutido e acordado com países endêmicos, além de especialistas, pesquisadores e cientistas. O plano busca fortalecer as ações de vigilância e controle, incluindo a ampliação do acesso e implementação de metodologias de diagnóstico.
Para o Médico Veterinário Luís Antonio Sangioni, um dos motivos a serem considerados diante do avanço da doença são as alterações climáticas dos últimos anos, que resultaram no aumento da população de mosquitos que transmitem o parasito. Além disso, a expansão urbana para áreas silvestres aumentou o risco de transmissão, facilitando a adaptação do vetor ao meio urbano.
Em Santa Maria (RS), foi identificado o principal vetor da leishmaniose visceral, o Lutzomyia longipalpis, e a cidade foi classificada como “Área de Transmissão”. Nos últimos dois anos, o município registrou duas mortes em humanos pela doença e um aumento de diagnósticos em cães, alertando para a necessidade de medidas urgentes.
A leishmaniose é uma zoonose transmitida por mosquitos-palha e pode se apresentar em duas formas: cutânea e visceral. A forma visceral é a mais grave, podendo levar à morte. Em cães, os sintomas incluem perda de pelo, emagrecimento, escoriações e crescimento excessivo das unhas.

Diretor(a) do Departamento de Doenças Transmissíveis
Medidas preventivas e recomendações
O professor Sangioni recomenda precauções, como o uso de repelentes, roupas de manga longa e mosquiteiros. Também é essencial manter pátios e quintais limpos para evitar a proliferação dos mosquitos. Cães diagnosticados devem usar coleiras inseticidas para evitar a transmissão para humanos e outros animais.
Compromisso com as populações afetadas
A participação da Abrapleish no 2º Seminário do Dia Mundial das Doenças Negligenciadas reforça seu compromisso em dar voz às pessoas afetadas pela leishmaniose e contribuir para a formulação de políticas públicas mais inclusivas e eficazes.
O Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas segue articulando esforços para que as associações sejam reconhecidas como agentes fundamentais na implementação de estratégias de saúde pública, garantindo que as necessidades das populações sejam atendidas com dignidade e prioridade.

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