Essas não são apenas doenças negligenciadas. São pessoas negligenciadas”, afirma liderança do MNDN durante Fórum Nordeste de Doenças Tropicais Negligenciadas

Mesmo com SUS, leis e recursos, Ceará segue vulnerável às DTNs: MNDN denuncia abandono e destaca ação comunitária

Fala impactante de Ana Cristina Braga Rodrigues denuncia abandono estrutural e cobra políticas intersetoriais de verdade

Durante o Fórum Nordeste de Doenças Tropicais Negligenciadas (FNDTN 2025), realizado entre os dias 11 e 13 de junho em Fortaleza-CE, a representante do Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas (MNDN), Ana Cristina Braga Rodrigues, protagonizou um dos discursos mais contundentes do evento.

Falando em nome das comunidades mais afetadas pelas DTNs, Ana Cristina trouxe à tona uma realidade dura e pouco visível nos noticiários:

“O Brasil vive uma crise que não aparece nas manchetes todos os dias, mas está presente em milhões de lares invisíveis: as doenças tropicais negligenciadas.”

Ela destacou que cerca de 28 milhões de brasileiros vivem expostos a doenças como hanseníase, doença de Chagas, leishmaniose, esquistossomose, filariose e tracoma, todas com tratamento disponível, mas que continuam fazendo vítimas devido à falta de ações estruturais de prevenção e cuidado.

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📉 Crise social, política e ambiental

Ana Cristina foi enfática ao apontar as causas do cenário atual:

“Porque a negligência não é só médica. É política, é social, é histórica…”

Os dados falam por si:

  • 49 milhões de pessoas vivem sem esgoto adequado;
  • 18 milhões sem coleta de lixo;
  • 6 milhões sem água encanada;
  • 1,2 milhão sem banheiro em casa.

No Ceará:

  • Apenas 52% de cobertura de esgoto em Juazeiro do Norte;
  • Mais de 236 mil casos de diarreia aguda só em 2023;
  • Contaminação recorrente nas praias urbanas de Fortaleza.
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🚨 Epidemia de dengue 2024: um alerta nacional

Com mais de 5 milhões de casos e quase 3 mil mortes, a epidemia de dengue em 2024 foi um símbolo do colapso das políticas preventivas. No Ceará, os surtos seguem desafiando o sistema de saúde.


🌱 Degradação ambiental e avanço das DTNs

Fatores como desmatamento, urbanização desordenada e enchentes continuam agravando doenças como leishmaniose urbana, leptospirose e esquistossomose.

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🛡️ Estrutura existe… mas os resultados não aparecem

Sistema Único de Saúde (SUS)

  • Realiza mais de 2,8 bilhões de atendimentos/ano;
  • Atua com Estratégia Saúde da Família, Agentes Comunitários de Saúde e vigilância epidemiológica;
  • Protocolos clínicos para DTNs estão disponíveis, mas falta estrutura nos territórios.

Governo Federal

  • Programa Brasil Saudável com metas até 2030;
  • Comitê “Uma Só Saúde” para integração ambiental e de saúde humana;
  • Produção de medicamentos pela Fiocruz/Farmanguinhos;
  • Sancionada a Lei 14.977/2024, que cria incentivos para medicamentos de DTNs.
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A crítica ao Governo Federal:

Apesar dos avanços institucionais, o cenário nos territórios mais vulneráveis, como o Ceará, ainda é de invisibilidade e abandono social.
Há recursos, leis, programas… mas a execução segue lenta, desarticulada e incapaz de alcançar as comunidades que mais precisam.

“O Brasil tem estrutura, tem leis, tem programas. Mas falta fazer a política chegar onde a doença mora: nas periferias, nas quebradas, nos interiores.” – disse Ana Cristina.


📊 Demografia do Ceará: um estado desigual e em risco

  • População: 75% urbana;
  • Fortaleza: 29% da população do estado;
  • Envelhecimento crescente: 10,5% com mais de 60 anos;
  • 56,8 hab/km² de densidade, mais que a média nacional.

Essa urbanização rápida sem infraestrutura adequada mantém milhões vulneráveis às DTNs.

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🧩 Controle Social: importante, mas ainda pouco ouvido

O controle social do SUS, por meio de Conselhos e Conferências, é um instrumento fundamental. O MNDN, presente nesses espaços, segue cobrando respostas efetivas.

Mas como lembrou Ana Cristina, as deliberações populares ainda enfrentam resistência e lentidão na implementação.

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👥 Lideranças que fazem a diferença

Além de Ana Cristina, o MNDN esteve representado por Maria Suzana do Nascimento, outra importante liderança da luta contra as doenças negligenciadas, que também participou dos grupos de trabalho e contribuiu com propostas para a construção de políticas públicas mais efetivas.

Ana Cristina, em especial, merece destaque:

Ela dirige a Casinha do Bem, uma iniciativa comunitária que, com recursos limitados e muito trabalho voluntário, oferece assistência direta às populações mais vulneráveis da periferia de Fortaleza, incluindo:

  • Distribuição de cestas básicas e alimentos;
  • Entrega de medicamentos;
  • Atendimento e acolhimento à população em situação de rua;
  • Apoio emocional e encaminhamento social.

“Ana não apenas fala em nome da população vulnerável. Ela vive, sente e atua todos os dias ao lado dessas pessoas, oferecendo dignidade onde o Estado não chega.”

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Assista na íntegra a fala de Ana Cristina Braga Rodrigues:, reforçando a importância da sua voz e da luta coletiva por um Brasil sem doenças e sem pessoas negligenciadas.

3 respostas para “Essas não são apenas doenças negligenciadas. São pessoas negligenciadas”, afirma liderança do MNDN durante Fórum Nordeste de Doenças Tropicais Negligenciadas”

  1. Avatar de Adelmo
    Adelmo

    Parabéns aos pesquisadores que fizeram publico esse agravo. Politica publica possa acelerar a atenção aos nossos irmãos .

  2. Avatar de care about people around you_domr
    care about people around you_domr

    hope starts with you hope starts with you .

  3. Avatar de care about people around you_qkmr
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