2º Seminário do Dia Mundial das Doenças Negligenciadas

Viva Maria: Seminário debate doenças tropicais negligenciadas

No dia em que o mundo se mobiliza para dar visibilidade às Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs), o Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas (MNDN) celebra um marco significativo: seu primeiro ano de atuação. Fundado durante o 1º Seminário Mundial das Doenças Negligenciadas, o MNDN retorna à 2ª edição do evento reafirmando seu compromisso com a luta por políticas públicas eficazes, fortalecimento da participação social e defesa do Sistema Único de Saúde (SUS).

DTNs: Uma Questão Além da Saúde

Durante a mesa de abertura, o MNDN destacou a necessidade de enxergar as DTNs para além da saúde, pois essas doenças estão diretamente ligadas a fatores como saneamento básico, moradia digna e infraestrutura adequada.

  • 28,9 milhões de brasileiros são expostos anualmente a essas enfermidades, evidenciando a urgência de uma abordagem intersetorial.

O movimento reforçou que combater as DTNs exige investimentos estruturais e prioridade política para enfrentar as desigualdades que perpetuam essas enfermidades.

SUS: Pilar Fundamental na Luta Contra as DTNs

O Sistema Único de Saúde (SUS) é a principal ferramenta para combater as DTNs no Brasil.

  • O SUS garante o diagnóstico, tratamento e prevenção dessas doenças, além de atuar com vigilância epidemiológica e controle de vetores.
  • Instituições como a Fiocruz desempenham um papel essencial na pesquisa e produção de medicamentos, garantindo avanços no tratamento das DTNs.
  • A participação social dentro do SUS é essencial para o desenvolvimento de políticas públicas eficazes. Os Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional de Saúde permitem que a população acompanhe, fiscalize e proponha melhorias nos serviços.

Participação Ativa e Incidência Política

O presidente do MNDN, João Victor Kersul, ressaltou que o avanço no combate às DTNs depende da mobilização coletiva e da ampliação do debate sobre os determinantes sociais dessas doenças.

“O controle social é essencial. Nós, que vivemos essa realidade, sabemos onde estão as falhas do sistema e como podemos melhorar o acesso à saúde.”

O MNDN tem atuado em campanhas de conscientização, eventos científicos e articulações institucionais, garantindo que as DTNs permaneçam na agenda pública.

  • Entre 2010 e 2023, 20 milhões de crianças (0 a 14 anos) foram acometidas por DTNs no Brasil.
  • Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, esses dados demonstram a necessidade de investimentos na primeira infância para a construção de uma população mais saudável.

Participação Social e Fortalecimento da Democracia

A participação social foi um dos pontos centrais debatidos no seminário, reforçando a necessidade de envolvimento da sociedade na formulação e monitoramento das políticas públicas.

  • A democracia se fortalece quando a população tem voz ativa na definição das políticas que impactam sua saúde e qualidade de vida.
  • Espaços de diálogo, como conferências e conselhos de saúde, são fundamentais para garantir que as necessidades das comunidades mais afetadas pelas DTNs sejam ouvidas e atendidas.
  • O SUS representa um dos maiores exemplos de democracia participativa no Brasil, permitindo que a população contribua diretamente para a melhoria do sistema de saúde.

O MNDN destacou a importância da transparência e do controle social na gestão pública, cobrando maior participação dos cidadãos nos processos decisórios.

Entrevista na Mídia e o Apoio de Pollyane Medeiros

Durante o seminário, o MNDN teve a oportunidade de ampliar a visibilidade do tema na mídia. A jornalista e ativista Pollyane Medeiros, membro da coordenação do MNDN, concedeu uma entrevista ao programa Viva Maria, da EBC, apresentado pela renomada jornalista Mara Régia.

Na entrevista, Pollyane compartilhou sua história e destacou as estratégias para combater as DTNs no Brasil.

“Nosso maior desafio ainda é o preconceito e a desinformação. É preciso desmistificar essas doenças por meio da educação em saúde.”

Pollyane, que foi diagnosticada com hanseníase em 2009, transformou sua experiência em ativismo e hoje atua na mobilização social para a eliminação das DTNs.

  • Uma das iniciativas destacadas foi o projeto Salas de Espera, que oferece informação clara e objetiva para os pacientes enquanto aguardam atendimento nas unidades de saúde, promovendo diagnóstico precoce e prevenção.

Mara Régia em conversa com o movimento reforçou o papel da comunicação pública no fortalecimento da cidadania:

“As emissoras públicas só se justificam pelos serviços reais de utilidade pública que prestam e que são relevantes. Comunicação pública é compromisso com a sociedade, com a cidadania e com a democracia.”

O Viva Maria, no ar há 43 anos, tem sido um importante canal para dar voz à militância e promover debates fundamentais sobre temas sociais.

Mara Régia no programa Viva Maria, da Rádio Nacional.

Demandas Prioritárias e Ofício ao Ministério da Saúde

O MNDN aproveitou o evento para reforçar suas demandas junto ao Ministério da Saúde, formalizadas em um ofício enviado em parceria com o Fórum Social Brasileiro de Enfrentamento das Doenças Infecciosas e Negligenciadas (FSBEIN).

Principais reivindicações:

  • Fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (APS): ampliação de equipes multiprofissionais em áreas vulneráveis.
  • Garantia de Insumos e Medicamentos: auditorias de preços e possibilidade de quebra de patentes para acesso universal.
  • Produção Nacional e Autonomia Farmacêutica: fortalecimento do Complexo Industrial da Saúde.
  • Educação Popular em Saúde: incentivo à vigilância comunitária e à autonomia social.

Compromissos Internacionais e o Brasil Saudável

O Brasil tem se destacado globalmente na luta contra as DTNs, especialmente com o programa Brasil Saudável, que busca eliminar ou reduzir 14 doenças até 2030. No entanto, os desafios ainda são imensos.

  • 1,7 bilhão de pessoas no mundo são afetadas por DTNs, muitas enfrentando estigma, exclusão social e falta de acesso a diagnóstico e tratamento adequados.

O MNDN reforça que o combate às DTNs deve ir além da saúde, exigindo investimentos estruturais em saneamento básico, moradia digna e infraestrutura.

“Essas doenças não deveriam existir em um mundo com tantos avanços científicos. O problema não é a falta de solução, mas a falta de prioridade política.” – João Victor Kersul

Além disso, a luta contra as DTNs está alinhada aos princípios da sustentabilidade e da abordagem de Uma Só Saúde, que reconhece a interconexão entre saúde humana, animal e ambiental.

Amélia Bispo – Presidente da Associação dos portadores de chagas da BA

Seguimos na Luta!

A participação do MNDN no seminário reforça seu papel na incidência política, no controle social e na mobilização da sociedade para enfrentar as DTNs. Seguimos firmes na luta para garantir que essas questões sejam tratadas como prioridade e que nenhuma pessoa seja deixada para trás.

Acompanhe a fala de abertura :

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