Setembro Amarelo: Doenças Negligenciadas, Saúde Mental e a Urgência de Prevenir o Suicídio

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Setembro Amarelo é o mês dedicado à prevenção ao suicídio no Brasil uma oportunidade para visibilizar sofrimentos, dar voz àqueles que vivem em silêncio, e chamar atenção para a importância da saúde mental. Quando falamos de doenças negligenciadas, esse tema ganha ainda mais relevância. As pessoas acometidas por essas enfermidades enfrentam não apenas as dores físicas, mas pressões sociais, emocionais e psicológicas severas, que muitas vezes são invisíveis, subestimadas e mal atendidas.


📉 Panorama das Doenças Negligenciadas no Brasil

Segundo o Boletim Epidemiológico de Doenças Negligenciadas do Ministério da Saúde, divulgado em janeiro de 2024, cerca de 30 milhões de pessoas no Brasil estão sob risco de contrair doenças tropicais negligenciadas (DTNs).

As DTNs mais comuns no país incluem hanseníase, doença de Chagas, filariose, leishmaniose visceral e tegumentar, entre outras.

Em 2022, foram mais de 17 mil novos casos de hanseníase no Brasil. Nesse mesmo ano, 11,2% dos casos já tinham grau 2 de incapacidade física (sequelas graves nos olhos, mãos ou pés) no momento do diagnóstico.

Em 2023, de acordo com a Sociedade Brasileira de Hansenologia, o número de novos casos de hanseníase subiu para ~22.773 casos. Isso evidencia o que se chama de “endemia oculta” — muitos casos que chegam tarde, com diagnósticos tardios, com sequelas irreversíveis.

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🧠 Evidências Reais de Impacto Psíquico: Hanseníase e Estigma

Uma revisão integrativa de 29 artigos (Soares et al., UFPA, 2023) mostra que a hanseníase impacta fortemente a saúde mental: entre as manifestações mais comuns estão fragilidade emocional, insegurança, sentimentos de desamparo, auto-depreciação, perda de autonomia e dificuldades nas relações sociais.

Outro estudo, “O impacto dos estigmas sociais e das vulnerabilidades em saúde na vida das pessoas com hanseníase” (Pinto & Silva, UFP/PE) aponta que o estigma leva à discriminação, perda de emprego ou de oportunidades, isolamento social, e impactos emocionais profundos sentimentos de vergonha, medo de rejeição, timidez em procurar tratamento.

A hanseníase é uma das doenças tropicais negligenciadas que a OMS/OPAS relatam como tendo grandes repercussões em saúde mental, justamente pelo estigma que essas doenças acarretam (aspecto visível, deformidades em casos tardios, sensações de vergonha).

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🔗 Relação entre Vulnerabilidade Social + Saúde Mental + Doença Negligenciada

FatorComo agrava o risco mentalExemplo / Evidência
Diagnóstico tardio / incapacidade físicaQuanto mais visíveis as sequelas (deformidades, perda de função), mais difícil lidar socialmente e psicologicamente, aumenta vergonha, isolamento.Nos casos de hanseníase, mais de 11% já chegam com grau 2 de incapacidade.
Estigma socialPreconceito familiar, comunitário e institucional; perder trabalho; ser visto como “contagioso” ou “incioso”. Esses fatores geram angústia, solidão, medo.Estudo sobre estigmas e vulnerabilidade em hanseníase destaca baixa autoestima, medo de rejeição.
Vulnerabilidade socialMoradia precária, falta de saneamento básico, escassez de água potável, acesso ruim a serviços de saúde – tudo isso potencia a exposição à doença física e ao sofrimento psicológico.OPAS adverte que as DTNs afetam principalmente populações vulneráveis, com acesso limitado a água segura e saneamento.
Recursos de saúde mental escassosFalta de psicólogos, psiquiatras, de atendimento especializado nas áreas com alta prevalência de doenças negligenciadas; mesmo quando há, muitas vezes há barreiras de acesso ou estigma que inibe usar.Relatórios da OMS apontam que condições de saúde mental continuam incompreendidas e subfinanciadas, especialmente em países de média e baixa renda.
Consequências econômicas e sociaisA doença pode impedir do trabalho, gerar custo para tratamento, transporte, etc.; isso piora a vulnerabilidade social, num ciclo de exclusão.Boletim epidemiológico mostra determinantes sociais na hanseníase; muitos municípios com casos têm desafios de infraestrutura e acesso.
Desigualdades regionaisRegiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste têm taxas mais altas de doenças negligenciadas, menos estrutura de saúde, mais vulnerabilidade social, maior impacto psicológico.O diagnóstico tardio elevado em muitos lugares do Brasil evidencia desigualdade.

💔 Números de Saúde Mental e Suicídio no Brasil & Globalmente

  • OMS estima que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivam com transtornos mentais, como depressão e ansiedade.
  • Suicídio causou cerca de 721 mil mortes em 2021 globalmente.
  • No Brasil, há aumento nas tentativas de suicídio, autolesões, ansiedade entre jovens. Taxas de suicídio permanecem elevadas, especialmente em contextos de vulnerabilidade social.
  • Uso de antidepressivos no Brasil: estudos mostram que há grande uso desses medicamentos nas classes com menor poder aquisitivo, indicando tanto maior prevalência de depressão quanto acesso desigual ao tratamento.

🔬 Propostas de Ações Específicas para Fortalecer o Cuidado Integral

Capacitação de profissionais de saúde

  • Treinar agentes de saúde, enfermeiros e médicos para identificar sinais de sofrimento mental em pessoas com doenças negligenciadas.
  • Incluir elementos de saúde mental no tratamento de doenças negligenciadas (acompanhamento multiprofissional).

Estruturação de redes de apoio comunitário

  • Casas de apoio, grupos de acolhimento, troca de experiências e apoio mútuo.
  • ONGs, igrejas, escolas e lideranças comunitárias podem atuar como pontes de acolhimento emocional.

Campanhas de conscientização

  • Usar o Setembro Amarelo para unir informação sobre doenças negligenciadas e saúde mental.
  • Produzir materiais acessíveis (folders, vídeos, rádios) mostrando que é possível superar o estigma e buscar ajuda.
  • Incluir relatos de pessoas que vivem a doença, humanizando e reduzindo preconceitos.

Políticas públicas integradas

  • Garantir acesso a saneamento básico, moradia digna, água potável, transporte.
  • Ampliar cobertura de serviços de saúde mental no SUS, especialmente em áreas rurais ou periferias com alta prevalência de DTNs.
  • Financiar pesquisas sobre a relação entre doenças negligenciadas, sofrimento mental e suicídio.

Intervenção precoce e diagnóstico rápido

  • Diagnosticar doenças negligenciadas o quanto antes, prevenindo sequelas físicas e estigmas.
  • Fazer rastreamento de saúde mental já no diagnóstico da doença.

🎯 Chamada Especial do Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas

O Setembro Amarelo nos lembra que cuidar da saúde mental e prevenir o suicídio exige ação coletiva e participação social. Mas é também uma oportunidade para reforçar algo que é central para nós do Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas:

A melhoria das políticas públicas no SUS só é possível quando a sociedade se engaja, participa e exige controle social. É preciso ocupar os espaços de decisão, cobrar atenção às necessidades reais da população, denunciar negligências e propor soluções.

O empoderamento nasce quando deixamos de ser apenas espectadores e passamos a ser sujeitos políticos ativos, capazes de transformar realidades. É dessa forma que conseguimos:

  • Garantir que serviços de saúde, incluindo saúde mental, cheguem a quem mais precisa.
  • Reduzir desigualdades e vulnerabilidades sociais.
  • Combater o estigma e a exclusão que acompanham as doenças negligenciadas.
  • Fortalecer redes de apoio e campanhas de prevenção ao suicídio, dando voz e visibilidade àqueles que sofrem em silêncio.

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📌 Contexto histórico

No Brasil, o enfrentamento das doenças negligenciadas sempre esteve ligado à luta por direitos sociais. Muitas vezes, essas enfermidades atingem populações já marginalizadas, revelando desigualdades históricas que precisam ser enfrentadas não só pelo sistema de saúde, mas também por políticas de inclusão, habitação, saneamento e educação.

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📊 Impacto econômico e social

As doenças negligenciadas e a ausência de suporte adequado em saúde mental resultam em perda de produtividade, aumento de custos para o SUS e maior exclusão social. Isso mostra que investir em saúde não é gasto: é investimento em cidadania, dignidade e futuro.

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🗣️ Vozes de especialistas

Como afirma a Organização Mundial da Saúde (OMS):
“Não há saúde sem saúde mental.”

Especialistas em saúde pública também reforçam que dar visibilidade às doenças negligenciadas é fundamental para romper ciclos de pobreza e estigma.

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🌍 Conexão internacional

Em diversos países, movimentos sociais têm se organizado para incluir as doenças negligenciadas na pauta da saúde global. O Brasil, com seu histórico de mobilização social e a força do SUS, pode ser exemplo de liderança nesse debate.


🌻 Se envolva, participe dos conselhos, fóruns e espaços de decisão. Sua voz importa. Sua participação é essencial. A transformação da saúde pública depende de cada um de nós.

O Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas chama você para agir, se empoderar e juntos construirmos um SUS mais justo, humano e efetivo.

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📢 Este conteúdo foi produzido pela Assessoria de Comunicação do Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas (MNDN).

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